Educação financeira no trabalho: quem ganha é todo mundo

26 de maio de 2025
Diário do Comércio

Investir em educação financeira no ambiente de trabalho pode parecer, à primeira vista, uma ação voltada apenas ao bem-estar dos funcionários. Mas os benefícios para o negócio são amplos, e comprováveis.

Funcionário endividado não dorme, nem rende - "Para uma pessoa ser produtiva no seu dia a dia, o primeiro passo é dormir bem. E como dormir bem se o indivíduo tem contas, dívidas e preocupações financeiras?", questiona Carol Paiffer, diretora do Cebrac.

Ela afirma que o impacto da má saúde financeira vai além do desempenho operacional. "Afeta também as relações pessoais e com os colegas de trabalho", aponta. Para ela, a educação financeira é parte da saúde como um todo — e deve ser tratada como tal.

A educadora financeira Teresa Tayra reforça: problemas com dinheiro afetam diretamente a produtividade, a saúde e a vida social. Segundo ela, uma pesquisa de bem-estar financeiro dos funcionários, feita pela PwC em 2023, mostrou que o estresse financeiro é um fator relevante na queda de rendimento dos profissionais, e isso independe da área ou da faixa salarial.

“É uma espiral: o funcionário pensa que está ganhando pouco porque não tem a organização financeira necessária, passa a produzir menos, a culpar a empresa e a disseminar para os demais. E a cada mês, essa espiral se repete”, reforça Carol.

 

Mais produtividade, menos turnover

Na visão de Carol, quando os funcionários percebem que a empresa se preocupa com seu bem-estar, a tendência é que haja uma maior fidelização. Mas o maior beneficiado acaba sendo o próprio negócio. "Os funcionários se tornam mais produtivos, felizes e contribuem para um bom clima organizacional", diz.

Além disso, empresas que investem de forma consistente nesse tipo de ação costumam observar redução no turnover e nos afastamentos causados por doenças relacionadas à saúde mental, como depressão e ansiedade.

 

Evitar erros e reforçar o employer branding

Uma das vantagens mais estratégicas dos programas de educação financeira, segundo Carol, está no reforço do employer branding. "A principal métrica de que o programa está funcionando é a diminuição do turnover", afirma. O raciocínio é simples: colaboradores menos estressados com dinheiro tendem a se engajar mais e permanecer mais tempo na empresa.

Por outro lado, há erros que muitas organizações ainda cometem, como a falta de continuidade das ações. "É necessário criar um cronograma anual, com programas revistos a cada trimestre", recomenda Carol.

Outro equívoco apontado por Teresa é a oferta indiscriminada de crédito consignado como solução para o endividamento. Segundo ela, essa prática pode agravar a situação financeira dos colaboradores e aumentar o estresse, se não vier acompanhada de orientação e conscientização.

 

Ações práticas que podem fazer a diferença

Há diversas maneiras de incluir a educação financeira na rotina das empresas. Carol destaca as mentorias gratuitas do Cebrac e da Atom Educacional, que podem ser feitas online. Ela sugere que os empregadores incentivem os colaboradores a realizarem esses cursos durante o expediente, com a reserva de uma ou duas horas semanais para esse fim. “Muitos não conseguem fazer em casa, porque têm filhos, entre outras demandas", explica.

Teresa sugere ainda palestras, cartilhas com dicas práticas e consultorias individuais ou em grupo. Essas ações podem ser integradas ao calendário da empresa, aproveitando eventos como a semana SIPAT, Dia da Mulher, integração de novos funcionários, entre outros.

 

Educação financeira é responsabilidade da liderança também

Ambas as especialistas concordam que a liderança é a peça-chave para o sucesso de qualquer iniciativa de educação financeira. "Sem a liderança, é impossível esse projeto avançar", afirma Carol. Para ela, o gestor deve ser o principal engajador e exemplo dentro da organização.

Outro ponto essencial é criar um ambiente onde falar de dinheiro não seja tabu. Carol defende que a empresa promova campanhas frequentes, mantenha a escuta ativa e inclua o tema no calendário anual. “A empresa precisa desmistificar a ideia de que falar de dinheiro é um bicho de sete cabeças", diz.

 

Um investimento com retorno garantido

Para Carol, os principais resultados de um programa bem estruturado são: aumento no engajamento entre as equipes, maior pontualidade e senso de pertencimento. “Esses funcionários se tornam verdadeiros embaixadores da marca”, afirma.

Teresa completa: ao ajudar os colaboradores a realizarem seus objetivos pessoais por meio da organização financeira, a empresa reforça seu papel como parceira no crescimento e na qualidade de vida dos times.

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